Para a revista francesa Esprit, Michel Buttor deu, em 1983 uma entevista sobre o pintor norte-americano Jackson Pollock, onde diz:
«Quando fui pela primeira vez aos Estados Unidos em 1960, já tinha visto Pollocks em Paris no antigo museu de arte moderna. Tinha já ouvido bastante falar dele antes porque, logo depois da guerra, as pessoas que regressavam dos Estados Unidos traziam com elas novidades culturais que eram para nós muito importantes. Nesse momento havia um nome que regressava a todo o momento: Pollock. Evidentemente que eu não fui abrangido imediatamente, as telas representavam-se-me como interrogações, eu estava muito intrigado. E portanto quando fui aos Estados Unidos pela primeira vez, a lembrança da pintura foi absolutamente decisiva. Isso foi para mim uma chave «plástica» da paisagem americana.
Em dois aspectos em particular: a paisagem vista de avião, as auto-estradas (não havia auto-estradas em França nessa época), as entradas em auto-estradas, os anéis de inversão de sentido, isso me lembrou imediatamente Pollock, isso me fez compreender o que era Pollock, que ele era de facto americano, quer dizer que isso se ligava a certos problemas de distribuição do espaço que não era centrado como o antigo espaço europeu. Eu digo-o agora; nessa época não podia exprimir-me desta maneira. [... Outro foi] O supermercado [que] foi uma das minhas experiências fabulosas! Para mim isso era Pollock, eu encontrava-me num Pollock. Primeiro por causa de uma impressão de distribuição das cores... A cor derramada por todo o lado. E também por causa dos trajectos das pessoas com o seu pequeno carrinho [de compras] como os trajectos das formigas, essas démarches sinuosas ao longo das estantes, apanhando uma coisa aqui, afastando-se e depois voltando. Tudo isso me lembrou imediatamente Pollock. (BUTTOR, Michel, Entretiens: quarante ans de vie littéraire - III: 1979-1996, Paris, Joseph K., 1999, pp. 125-126)
Em dois aspectos em particular: a paisagem vista de avião, as auto-estradas (não havia auto-estradas em França nessa época), as entradas em auto-estradas, os anéis de inversão de sentido, isso me lembrou imediatamente Pollock, isso me fez compreender o que era Pollock, que ele era de facto americano, quer dizer que isso se ligava a certos problemas de distribuição do espaço que não era centrado como o antigo espaço europeu. Eu digo-o agora; nessa época não podia exprimir-me desta maneira. [... Outro foi] O supermercado [que] foi uma das minhas experiências fabulosas! Para mim isso era Pollock, eu encontrava-me num Pollock. Primeiro por causa de uma impressão de distribuição das cores... A cor derramada por todo o lado. E também por causa dos trajectos das pessoas com o seu pequeno carrinho [de compras] como os trajectos das formigas, essas démarches sinuosas ao longo das estantes, apanhando uma coisa aqui, afastando-se e depois voltando. Tudo isso me lembrou imediatamente Pollock. (BUTTOR, Michel, Entretiens: quarante ans de vie littéraire - III: 1979-1996, Paris, Joseph K., 1999, pp. 125-126)