quinta-feira, 9 de abril de 2009

Avulsos 15: Luís Carlos Patraquim e a poesia moçambicana














Luís Carlos Patraquim

(De Pedro Mexia pode ler-se o seguinte, no Jornal de Poesia, a propósito de Luís Carlos Patraquim e da poesia moçambicana. Ver:

http://www.jornaldepoesia.jor.br/lcp3.html )

«Novas formulações moçambicanas

Patraquim opera dentro de uma tradição poética e com isso acaba com a instrumentalização (política, 'lusófona') , da poesia africana de língua portuguesa. Depois de Rui Knopfli, Sebastião Alba e José Craveirinha (todos falecidos na última década), Luís Carlos Patraquim (nascido em 1953, na então Lourenço Marques) é provavelmente o maior poeta moçambicano. Patraquim, que se estreou em 1980 (com Monção), contribuiu decisivamente para uma viragem na poesia moçambicana (e africana em geral), encerrando o período militante que produziu, quase sempre, péssima poesia (Knopfli era menos brando e chamava a essa poesia "merda estalinista").

A noção de comunidade não é ignorada por Patraquim (nem por outros poetas mais recentes), mas a existência dessa temática é ditada pela necessidade pessoal (trágica) e não pela obrigatoriedade política (ideológica). Um bom exemplo [é o do poema a seguir]:

"Sentam-se sob as acácias no asfalto roto
os mutilados com cigarros de embalar.
Nenhum som os recorta
e todos os sentidos foram amputados.
Nem para a tarde crescem frustrados.
Esperam. Que inconclusa forma
os limita em fórmula de serração?
Que ameaça os delira? Nenhuma flor
explode, poeta, no coração?
Os mutilados sonharão? Suas pernas?
O desejo, fruto podre adubando. Outra mão?
Que triste palavra os baba
no cigarro morto! Vendem.
Nenhum incesto os estanca.
À revelia do sol, os mutilados
montam banca.

[... Veja-se o texto integral de Pedro Mexia, no endereço deixado acima]»

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